Lições e inspirações de um curso de verão

vida acadêmica
relato de experiência
Author

Ivana Cardoso

Published

August 6, 2024

Localizado sobre a dorsal mesoatlântica, o arquipélago dos Açores é composto por nove ilhas vulcânicas, formadas no final do Terciário. Entre elas está a Ilha Terceira, que surgiu há cerca de 3,52 milhões de anos e possui uma área de aproximadamente 402 km². Um dos municípios de Terceira é Angra do Heroísmo, que hoje é um patrimônio mundial da UNESCO.

Angra do Heroísmo, arquivo pessoal

Entre o final de julho e o início de agosto de 2024, esse município recebeu estudantes de várias partes do mundo para participar do curso de verão Island Biogeography and Macroecology. Eu fui uma dessas estudantes, sendo a única brasileira e uma das três pessoas do Sul Global. É sobre essa experiência que escreverei nas linhas abaixo.

Estudantes e professores do curso, arquivo compartilhado do curso

No dia 19 de julho de 2024, saí de Manaus, Amazonas, e, como diz meu coorientador, embarquei nas asas da ciência para vivenciar minha primeira experiência acadêmica fora do Brasil. Naquele momento, eu não imaginava o quanto minha visão de mundo seria ampliada e quanto me inspiraria.

A partir do dia 22 de julho, o curso começou e tivemos aulas com professores na fronteira do conhecimento. Discutimos teorias ecológicas e evolutivas, exploramos processos que moldam as comunidades insulares e aprendemos sobre métodos e ferramentas para calcular diferentes dimensões da diversidade.

Além de aulas teóricas, também tivemos aula de campo, onde aprendemos metodologias para coleta de artrópodes, polinizadores e briófitas. Conhecemos novos ambientes, como a floresta laurissilva, e aprendemos a reconhecer espécies endêmicas, como Erica azorica, Laurus azorica e Juniperus brevifolia, e invasoras, como o Hedychium gardnerianum e a Hydrangea macrophylla, que surpreendentemente ocupam grandes áreas em Terceira.

Plot permanente com armadilhas SLAM, arquivo pessoal

Armadilhas para polinizadores, arquivo pessoal

No curso, não só adquiri conhecimentos e ferramentas que elevarão a qualidade do meu projeto de doutorado, mas também me inspirei com os projetos de pessoas incríveis, que também se dedicam a entender e defender a biodiversidade em várias partes do mundo. Compartilhamos experiências, culturas e ideias, além de soluções para desafios comuns em nossas pesquisas. Foi fascinante ver como, mesmo em um campo tão específico quanto a biogeografia de ilhas, existe uma riqueza de tópicos e perspectivas.

Os professores nos proporcionaram palavras inspiradoras, ressaltando a importância da nova geração de cientistas e a necessidade de persistência diante das adversidades da ciência. Uma mensagem que ficou comigo foi a de que, mesmo frente às dificuldades, a perseverança é fundamental.

Antes de embarcar nessa jornada, eu estava acompanhada pelo medo do desconhecido e pela insegurança. No entanto, ao participar do curso, experimentei um impacto pessoal e profissional transformador que eu não teria vivenciado de outra forma.

Escrevo este post para registrar essa experiência e também para agradecer a todas as pessoas da minha rede de apoio que compartilharam essa alegria comigo e ao PPGECO do INPA, que me possibilitou participar do curso.

Apresentação de projeto, arquivo pessoal